Escolher obras literárias para o vestibular e o Processo de Avaliação Seriada da UEM não é algo pacífico. Tem reuniões e debates. E sempre sobram criticas ao que foi feito. Essa afirmação é da chefe do DTL - Departamento de Teorias Linguísticas e Literárias da Universidade Estadual de Maringá, professora Mirian Zappone. Ela participou do grupo que elaborou a atual lista com 10 autores. A comissão é formada por professores do DTL da rede pública de ensino, indicados pelo Núcleo Regional de Educação.
A reportagem da CBN informou nesta semana que a saída de Monteiro Lobato e a inclusão de Carolina Maria de Jesus nas provas que serão realizadas neste ano foi comemorada, principalmente por movimentos sociais. Das 10 obras selecionadas, três são livros de mulheres. Além de Carolina Maria de Jesus, compõem a lista Clarice Lispector e a paranaense Luci Collin.
A ideia da comissão, apesar dos embates, foi a de dar mais espaços às mulheres e às minorias. Esta é a primeira vez que há três autoras na lista, o comum nos anos anteriores era ter apenas uma. A mudança acontece em um momento no qual a sociedade tem se voltado às questões de representatividade e igualdade de gênero.
Na literatura brasileira, há pesquisas mostrando que o homem branco de classe média é sempre destacado. E aí, a chegada de uma autora negra e periférica aponta para outra perspectiva, explica Mirian.
A lista de obras tem ao menos cinco autores considerados clássicos, como Machado de Assis e Álvares de Azevedo. Mas há nomes mais recentes, e de autores vivos, como Milton Hatoum e a própria Luci Collin. Por isso definir a lista implica em disputa de poder, diz Mirian Zappone.
30% das obras são de mulheres. Questionada se é possível pensar em equiparação nos próximos anos, numa divisão meio a meio, a chefe do DTL explica que esse não é o foco, mas afirma que quer ver mais autoras nos próximos anos.
Conforme um regimento, a lista de obras literárias não pode ser alterada completamente, a mudança só pode ocorrer aos poucos. Quanto ao fato de não haver maringaenses, a informação é de que o tema nunca foi discutido na comissão, mas que o local de produção não é levado em conta, e sim a qualidade literária.
Após a lista ser elaborada pela comissão de professores da área, o material tem de ser aprovada pela CVU, a Comissão Central do Vestibular Unificado, responsável pela seleção dos estudantes.