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Opinião
Ucrânia e o dilema da nação
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 03/05/2022 - 07:54Os estados nacionais nasceram da mão dos homens. Não são como o relevo que lhe serve de fronteira. Não é da natureza que brota a identidade dos povos que constroem ao longo do tempo uma unidade nacional. Sempre é bom lembrar disso.
Argumento sobre a ação humana na construção da nação diante da guerra que estamos assistindo entre Rússia e Ucrânia. A história das duas nações se confunde e remonta mais de mil anos. A trajetória de uma nação é o processo de construção que as pessoas fazem em um determinado território que identificam como seu.
O leste europeu é marcado por ondas migratórias em forma de guerras e busca de sobrevivência. As fronteiras da Europa nunca foram estáveis. Elas navegam ao sabor do tempo em direções distintas na proporção em que as “colchas de retalho” humanas se desenham e vão exigindo seu quinhão.
No jogo do poder, saber lidar com estas amarras frágeis da unidade nacional pode tensionar ou distensionar conflitos. Isto que acontece hoje na Ucrânia. O país já vem de uma divisão que se processa ao longo da história. A força que determina o controle sobre a sociedade deve se sentir e ter capacidade de impor sua força.
O território ucraniano tem uma população estimada de 45 milhões de habitantes. Se calcula que pelo menos 10% desta população já se retirou de suas casas e se refugiou em países vizinhos. Mais uma vez a massa humana busca sobrevivência em outro lugar. A marcha continua.
A economia ucraniana é fundada em uma agricultura bem-sucedida, marcada pela implantação de maquinários agrícolas modernos e uma concentração agrária crescente. Por mais que tenha ampliado a diversidade de produtos gerados no solo negro do país. O problema da ucrânia é a falta de infraestrutura para a distribuição da produção. O que nós brasileiros conhecemos bem.
O nascimento da Ucrânia como nação é uma história longa em seu fluxo de poder e migração, onde a capital Kiev tem um papel de destaque, as margens do rio Dniepre. Nasceu como um importante rota comercial entre o ocidente e o mar Báltico. Ampliou sua força, constituiu a sede do Império Russo.
Mas, os fluxos e guerras transferiram esta sede para a Rússia, Moscou assumiu o protagonismo e Kiev ficou com a fronteira, inclusive o significado da palavra “Ucrânia”. Distante da sede do Império, e as guerras com os reinos mais ao leste, o território ucraniano foi constantemente invadido. Ali já foi Polônia, Dinamarca, Império Austro-Húngaro e sem contar a passagem de Napoleão e Hitler.
A paz duradoura não é uma verdade para os ucranianos. Ao longo da história a nação foi armada e sempre preparada para ações invasivas que fazem suas fronteiras flexíveis. Cabe mais ao jogo de forças externos, com grande influência russa, sobre até onde vai o poder do Estado Nacional ucraniano, o qual, os próprios russos questionam suas existências na atualidade.
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