No auge de casos de coronavírus, no segundo ano da pandemia, ainda havia muita aglomeração. Nos fins de semana, era comum a fiscalização flagrar festas clandestinas com centenas de pessoas.
Quando o apelo das autoridades não impactava mais, um vídeo, que teria sido divulgado por profissionais do Serviço Móvel de Urgência (Samu), chamou a atenção.
Nele, um profissional explicava de forma didática o que era a intubação de um paciente.
Procedimento que ganhou popularidade durante a pandemia e que se tornou o maior receio de quem entrava numa unidade de saúde com suspeita de Covid.
O objetivo do vídeo era apelar para o bom senso, principalmente dos jovens que se arriscavam nas aglomerações.
Mas se a intubação já era um horror em si, imagina realizar o procedimento sem os medicamentos necessários, como por exemplo, relaxantes neuro musculares.
Pois no auge da crise nos hospitais, os medicamentos começaram a desaparecer do mercado. Com a alta demanda, os fabricantes não deram conta e os lotes comprados por hospitais de Maringá não foram entregues no prazo.
O então secretário Marcelo Puzzi lembra do dia em que hospitais públicos precisaram socorrer hospitais privados. [ouça o áudio acima]
Nem só medicamentos começaram a faltar. O oxigênio medicinal que mantinha a respiração dos pacientes intubados também evaporou.
O consumo de oxigênio nas UTIs aumentou espantosamente. Em Maringá, uma situação deu o tom do desespero na rede pública de saúde. Em março, na UPA Zona Sul, a sobrecarga fez a pressão do sistema cair e dificultou a chegada do oxigênio até os pacientes internados. Um idoso morreu após a queda no nível de oxigênio.
Em nota a Prefeitura de Maringá informou que a apuração aberta para investigar a morte do paciente foi concluída. O Comitê Interno de Investigação Multiprofissional do Hospital Municipal enviou a análise do caso ao Ministério Público.
A conclusão é que não compete ao HM “definir nexo causal porque se tratava de um paciente muito grave, com inúmeros agravantes e além de várias comorbidades existentes”.
Naquele momento da pandemia, cidades investiam em depósitos maiores de oxigênio e até em usinas para fabricar o próprio insumo. Maringá tentou construir uma usina.
Mas segundo a prefeitura, uma comissão avaliou que não seria viável para o município, porque o Hospital Municipal e a UPA Zona Sul não poderiam ficar sem o contrato de fornecimento de O2.
É que as usinas fabricam oxigênio com 85% a 95% de pureza, mas o paciente não pode receber um oxigênio com pureza inferior a 95%.
Ou seja, quando baixasse a qualidade da usina, o tanque de oxigênio, que tem 99% de pureza, teria que ser acionado.
A crise do oxigênio passou. Voltamos a respirar mais aliviados com o avanço da vacinação. Ficava a dor pela perda de amigos e familiares. É o que você confere no próximo episódio.
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