Um empresa de Londrina foi vista roçando canteiros de Maringá. Um vídeo, feito na sexta-feira (03), foi enviado para a CBN. Nele, dois homens aparecem. Um que filma a situação e fala com o outro, que se identifica como funcionário da Serviplan e diz que o serviço era para a Secretaria de Serviços Públicos, a Semusp.
Segundo dados do Portal da Transparência, a Serviplan não tem mais nenhum contrato com a Prefeitura. A empresa londrinense teve um contrato de prestação de serviços de roçadas e afins com o Executivo entre o final de 2018 e 2019. Para isso, recebeu R$ 1 milhão 671 mil.
A lei federal de licitações, de 1993, diz que todo tipo de contrato deve ter registro - com pouquíssimas exceções. Dependendo da situação, a empresa que não cumprir a legislação pode ter problemas jurídicos e se impedida de participar de novas concorrências. Gestores também podem responder juridicamente.
Na manhã de sábado, a CBN procurou o secretário de Serviços Públicos, Vagner de Oliveira, para comentar o assunto. Por meio de mensagens, ele disse, em um primeiro momento, que não havia nenhuma empresa trabalhando para a Prefeitura em relação às roçadas, e que tudo estava sendo feito por servidores. Além disso, o secretário relatou que uma licitação para contratar o serviço deveria ocorrer neste mês.
Só que depois, quando a CBN enviou o vídeo em que o homem identifica a empresa para qual trabalha, o secretário deu novas informações: a de que teria contratado a empresa como cidadão, de forma particular, para que utilizasse uma máquina chamada Giro Zero -- uma espécie de trator. Oliveira seguiu, dizendo que iria pagar o serviço do próprio bolso porque queria ver a cidade limpa.
A reportagem viu as mensagens, mas, na sequência, entretanto, o secretário apagou as informações enviadas.
A reportagem, então, solicitou uma entrevista com o secretário. Oliveira, daí, disse que estava fora de Maringá e que a CBN deveria entrar em contato com a diretoria de comunicação da Prefeitura.
Dois advogados ouvidos pela CBN, sem saber especificamente sobre caso, divergiram sobre a questão relativa à doação de um serviço de um particular para a Prefeitura. Para um deles, é possível fazer a doação de um serviço se o processo ocorrer de forma formalizada. Para o outro, não.
A Serviplan é uma empresa de Londrina, ativa desde 2013, pelo menos. O proprietário é João Marcelo de Moraes Lopes. A CBN entrou em contato, por telefone, com ele no sábado, pela manhã. Em uma primeiro momento, com a qualidade da ligação ruim, sem a reportagem ter podido terminar o questionamento, Lopes disse que não havia contrato entre a Serviplan e a Prefeitura de Maringá.
Em uma segunda ligação, ainda no sábado, com qualidade de áudio melhor, Moraes falou que a reportagem deveria procurar com a Semusp porque não tinha o que dizer.
Quando questionado se a empresa estaria prestando algum tipo de serviço, mesmo que para alguém em particular em Maringá, o proprietário da Serviplan disse que não.
A assessoria de comunicação da Prefeitura informou que irá se manifestar por meio de nota. O primeiro contato ocorreu no sábado (04). Na manhã desta segunda (06), a CBN procurou novamente a assessoria. A resposta foi a de que as informações internas estavam sendo levantadas. Até o fechamento desta reportagem, não houve o envio da nota.